sexta-feira, 1 de julho de 2022

Cooperativas, Justiça & Cultura

 


https://www.amazon.com.br/dp/B0B5F9LV66


Descrição do livro:


A cooperativa como universalmente justa para a ordem econômica constitucional é o imaginário temporal partilhado e instituinte do que passa pela centralidade do homem face ao capital e ao mercado. Ser capaz de dizer dessa humanidade é um desafio para a insistência na percepção pessoal e singular das cooperativas universalmente identificadas no mundo da vida.

Para dizerem dessa centralidade, os cooperativistas amiúde enfatizam a singular relevância da ideia de felicidade na compreensão da cooperativa como fenômeno social.  O livro assume essa ênfase como uma provocação e responde a isso.  Não uma resposta banal, mas enredada num percurso pelo pensamento contemporâneo: a busca por um sentido de Justiça que dê conta da pretensão de legitimar e ampliar a experiência cooperativa é o leitmotiv dessa jornada na companhia de Pascal, Kant, Goethe, Hegel, Kierkegaard, Dostoiévski, Melville, Proust, Heidegger, teóricos da Gestalt, Lévinas, Castoriadis, Deleuze, Ricoeur e Lipovetski cujos filosofemas e narrativas se imiscuem ao longo de todo o livro.  Há densidade, mas não dificuldade: a prosa é clara e amiúde dispensa os léxicos pela simples persistência do autor para que o leitor compreenda o ponto em questão antes de partir para outra incursão vertiginosa, qual montanha russa..    

O prefácio antecipa que o fio condutor do livro é qual uma navalha na carne:  na cooperativa, assim como em todo fenômeno cultural, o normal e o patológico não se opõem um ao outro como dois contrários, mas sim como duas partes de um mesmo todo.  Então, ao invés de capítulos, fica melhor em falar em cortes, recortes e retalhos.

O primeiro retalho tem por título O que identifica uma união de pessoas como cooperativa? . É uma apresentação da cooperativa numa abordagem fenomenológica transcendental com a qual a cooperação se faz presente como valor.  Toda fenomenologia é um começo.  Mas, que nada tem de superficial: em se tratando de fenomenologia, o mais profundo é a pele.    E para fulgurar a cooperação como valor num sentido tão imediato como a que se dá pelo tato, o segundo retalho Amor, Justiça e Verdade é teológico. Essa abordagem pouco usual já se faz presente no tipo literário :  uma epístola.   Em que textos canônicos e o magistério dos Papas Bento XVI e Francisco articulam a presença forçosa das cooperativas na atualidade da Doutrina Social da Igreja Católica Romana.  

Do espírito às vísceras.  O terceiro corte Sonhos interrompidos e os rostos humanos transita para a fenomenologia existencial e a temática resvala para a economia da saúde.  Com isso, o leitor identifica  a morada do normal e do patológico que se apresentam como lábios fendidos de um corte por bisturi.  O quarto corte já sangra: em Cooperativas e Madalenas, o fenômeno das cooperativas de médicos especialistas em procedimentos de alta complexidade é correlacionada com  crimes de cartel.  Uma aguda tensão a abismar o leitor: como ideias tão díspares podem estar tão próximas na economia da saúde?  Se aí a abordagem é ontológica, no quinto, outro recorte, já é lógica aplicada ao conhecimento:  A agência epistêmica face os argumentos de autoridade.

Mais 3 retalhos, a esquizoanálise e os cortes se fazem metodológicos. Em Cooperativas sem degredados, a ideia de felicidade é separada da funcionalidade.  Já em O carro de Jagrená por entre palácios de cristal, é o risco e a transparência em gestão que assumem o horizonte de primeiro plano.  O texto então culmina na psicossociologia e a análise institucional em Por que a norma deveria ser a regra?  Como o primeiro retalho é encimado com uma pergunta, também é epigrafado o último.  Como que indicando ao leitor ser ele quem deve concluir a obra com a sua leitura.  O texto quase nada ensina, mas muito insinua a ele.  Então, o posfácio que faz um exercício de aplicação prática de tudo que foi insinuado. No caso, o corpo se faz cooperativas de crédito.

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