segunda-feira, 27 de junho de 2022

Pensando & Conhecendo LI

A esquizoanálise é um esforço filosófico de distinguir.  Em termos metodológicos, ela dá voz da recalcitrância à escuta.  É uma trilha pelo qual se perde a marcha  em vista do horizonte inicial de uma pesquisa e se encontra o passo que não estava previsto.    Uma hipótese no meio de outra hipótese.  Outras possibilidades de compreensão do fenômeno e diálogo que desorganizam e reorganizam os dados na medida em que o pesquisador redescobre o alfabeto. 

A expressão-chave da esquizoanálise é transversalidade.  A transversalidade distingue hierarquias (verticalidades) e corpos (horzontalidades) organizados.  Atravessa, desmancha e (re)institui territórios como quem desfez e refaz interações entre os múltiplos pontos de uma carta geográfica.     Não se trata de uma refutação da hipótese inicial, mas dos pressupostos dela, à formulação do problema, das articulações entre agentes e coisas.  Não se trata de chegar ao elementar; mas, o oposto:  ao complexo - à ampliação de espectro dos determinantes, uma rede heterogênea de concorrentes nos campos de forças dinâmicas em realização aí de um plano comum, mas já diferente. 

A esquizoanálise é envover-se pelo lusco-fusco, dar-se ao movediço; sentir a vertigem e a surpresa de todo acontecimento criativo na produção de saberes.    






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