A esquizoanálise é um esforço filosófico de distinguir. Em termos metodológicos, ela dá voz da recalcitrância à escuta. É uma trilha pelo qual se perde a marcha em vista do horizonte inicial de uma pesquisa e se encontra o passo que não estava previsto. Uma hipótese no meio de outra hipótese. Outras possibilidades de compreensão do fenômeno e diálogo que desorganizam e reorganizam os dados na medida em que o pesquisador redescobre o alfabeto.
A expressão-chave da esquizoanálise é transversalidade. A transversalidade distingue hierarquias (verticalidades) e corpos (horzontalidades) organizados. Atravessa, desmancha e (re)institui territórios como quem desfez e refaz interações entre os múltiplos pontos de uma carta geográfica. Não se trata de uma refutação da hipótese inicial, mas dos pressupostos dela, à formulação do problema, das articulações entre agentes e coisas. Não se trata de chegar ao elementar; mas, o oposto: ao complexo - à ampliação de espectro dos determinantes, uma rede heterogênea de concorrentes nos campos de forças dinâmicas em realização aí de um plano comum, mas já diferente.
A esquizoanálise é envover-se pelo lusco-fusco, dar-se ao movediço; sentir a vertigem e a surpresa de todo acontecimento criativo na produção de saberes.
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