sábado, 16 de julho de 2022

Pensando & Conhecendo LIV

 Qual a diferença entre a viagem delirante e a especulação filosófica?  O conceito.

Tal como o delírio paranoico ou o passional, o conceito recompõe horizontes  (planos e perspectivas) e articula fenômenos como acontecimentos que parecem difusos ou evidências sem relação entre si.  Mas, o conceito cria uma relação dinâmica de diferenciação e identificação (diferenças não identificadas antes ou identidades não diferenciadas antes), com que se muda a forma de perceber fenômenos e então há recomposição e articulação como entendimento.  Um conceito diferente torna possível argumentos serem originais,  o que é muito diferente do delírio que afete a percepção de fenômenos ao mudar a articulação das evidências, mas não traz qualquer fecundidade à argumentação.

Com o conceito, a produção da subjetividade é cartografada na sua relação com os planos de força e recalcitrâncias.  Não há um método, mas o hodos-metá, pois a descoberta não vem enfim com os meios empregados, mas aí no meio dos meios.  

Há no conceito uma ambiguidade entre sobrevoo na recomposição horizontal de perspectivas e mergulho na implicação e nos acessos.  Como disseram Deleuze e Guattari, " (....) ele é imediatamente copresente sem nenhuma distância (...) O conceito é um incorporal, embora se encarne ou se efetue  nos corpos (....) Não tem coordenadas espaço-temporais, mas apenas ordenadas intensivas".  (O que é a Filosofia? 2a ed.  Trad. Bento Prado Jr e Alberto Alonso Muñoz.   São Paulo : 34, p. 33).  Um conceito sempre diz da maneira como a intensidade se desenrola ou se anula num estado de coisas




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