Qual a diferença entre a viagem delirante e a especulação filosófica? O conceito.
Tal como o delírio paranoico ou o passional, o
conceito recompõe horizontes (planos e
perspectivas) e articula fenômenos como acontecimentos que parecem difusos ou
evidências sem relação entre si. Mas, o
conceito cria uma relação dinâmica de diferenciação e identificação (diferenças não identificadas antes ou identidades não diferenciadas antes), com que se
muda a forma de perceber fenômenos e então há recomposição e articulação como
entendimento. Um conceito diferente torna
possível argumentos serem originais, o
que é muito diferente do delírio que afete a percepção de fenômenos ao mudar a
articulação das evidências, mas não traz qualquer fecundidade à argumentação.
Com o conceito, a produção da subjetividade é cartografada na sua relação com os planos de força e recalcitrâncias. Não há um método, mas o hodos-metá, pois a descoberta não vem enfim com os meios empregados, mas aí no meio dos meios.
Há no conceito uma ambiguidade entre sobrevoo na recomposição horizontal de perspectivas e mergulho na implicação e nos acessos. Como disseram Deleuze e Guattari, " (....) ele é imediatamente copresente sem nenhuma distância (...) O conceito é um incorporal, embora se encarne ou se efetue nos corpos (....) Não tem coordenadas espaço-temporais, mas apenas ordenadas intensivas". (O que é a Filosofia? 2a ed. Trad. Bento Prado Jr e Alberto Alonso Muñoz. São Paulo : 34, p. 33). Um conceito sempre diz da maneira como a intensidade se desenrola ou se anula num estado de coisas .
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