Exercício de Dramaturgia
Título da esquete:
Título da esquete:
Nada (adaptação de texto de Emmanuel
Carneiro Leão)
Personagens
Personagem 1: um velho calvo
de longas barbas, vestido de túnica branca drapeada e cingida nos rins.
Personagem 2: um jovem de terno e gravata, cabelos alinhados.
Cenário:
negro e desnudo. À direita, uma mesa, sobre ela um computador
e uma cadeira com encosto.
Marcação inicial:
Personagem 2 sentado à mesa, digita.
Personagem 1 de pé, a dois metros da mesa, de tal modo que fique às
costas do personagem 2
Iluminação inicial:
Dois
fachos de luz branca, intensa sobre o personagem 2 e meia luz sobre o
personagem 1.
Sonoplastia:
o som de teclas
em digitação já se ouve por 30 segundos antes da iluminação dos personagens.
Cena:
Personagem 1: - Que nada é?
Personagem 2: (para de
digitar, levanta-se, volta-se para o Personagem 1 se posicionando atrás e junto
da cadeira, responde condescendente como se a pergunta fosse tola) - É óbvio.
Nada é o inexistente.
Personagem 1: Mas, se nada é, já não é nada. De que vale
saber tudo, se não sabe nada?
Personagem 2: (Perde o equilíbrio sobre os joelhos e discretamente
se apoia no encosto da cadeira, em silêncio, volta a se sentar e recomeça a
digitar, após 30 segundos, diz a si mesmo): - Vou achar uma resposta num
instante, ele vai ver.
Após 30
segundos, a meia luz sobre o Personagem 1 se apaga lentamente, enquanto a luz
sobre o Personagem 2 fica mais intensa.
Após, repentinamente se apaga e ouve-se apenas o som da digitação em completa
escuridão. Após 1 minuto, o som da
digitação repentinamente também some. O
silêncio e a escuridão permanecem por mais 1 minuto. Então os personagens 1 e 2 voltam a ser
iluminados em meia luz. O personagem 2,
agora com o paletó displicentemente descansando sobre o encosto da cadeira,
cabelo desalinhado, gravata frouxa, punhos da camisa desabotoados e as fraldas
dela por sobre a calça, levanta-se e volta a se postar atrás da cadeira e de
frente para o personagem 1, que permanece imóvel.
Personagem 2: (Passa as mãos
para arrumar os cabelos, tira a gravata, a põe sobre o paletó e dobra as mangas
da camisa) - Agora sei que não sei nada.
Mas, saber que não se pode saber de todo pode mais que não saber nada.
Personagem 1: (despe de sua túnica o torso, vai ao encontro do
personagem 2, toca-lhe o rosto e põe-lhe olhos nos olhos) - Mas, mesmo com todo
esse poder, saber não pode não saber que não sabe nada de todo.
Fim da cena
Ótima postagem como sempre!Um abraço.
ResponderExcluir