quinta-feira, 2 de junho de 2022

Pensando & Conhecendo XLVIII

 Há algo diante de mim.  Está aí.  Posso vê-lo.  Uma cadeira.  Posso ouvi-lo, uma máquina;  cheirá-lo, um assim assado.  Tocá-la...  é minha esposa, sal na vida; já alguém, e não algo.  Esse estar aí para mim é acontecimento, mas remete a uma permanência para além de minha intencionalidade.  Distraio-me,  recalcitra, estabelece-se uma fronteira existencial entre mim e o mundo.  Recalcitra, mas também se deixa restar: está aí.

Entre mim e mundo, o que há?  Estou sujeito a uma existência situacional na qual recorrentemente me ocorrem seres objetando por serem o que têm de ser por si.  Diferentes a cada vez.  Em todo caso, há uma correspondência identitária-conjuntiva para mim de um mundo sendo sempre assim.  Detenho-me, pergunto-me, observo, reflito (ou vice-versa), e logro respostas.  Experimento, a existência dispõe-se; consuma-se ao fato.  Tomo a cognição de algo por representação e figuração, os dados decompõem-se em componentes, partes, linhas, curvas, relações e interações.  Análise e experiência: o objeto por ponto de partida e o sujeito por acesso.  Nem a análise nem a experiência instituem um novo objeto nesse início, pois percebo uma existência transcendente a mim mesmo que me afeta e dou sentido a isso. 

Mas, o acesso modula toda a experiência, mesmo que formalizada nalgum procedimento dado.  Por isso, há sim uma dimensão participativa na constituição dos objetos.  Daí que a análise pode então voltar-se para essa participação, as suas condições de emergência do objeto, uma gênese.  Isso é coextensivo a modo de problematizar: o problema não é dado, a experiência por assim dizer então cria novos problemas na multiplicação de sentidos.  Implicações.  Zonas de ambiguidades.   Cultivo, ao invés de coleta. 




Um comentário:

  1. Guilherme
    Minha vida foi de execução de obras de infraestrutura de diversos tipos, obras de vulto, como você sabe. Minha percepção das coisas é tornar um projeto realizável. Seja de pequeno porte ou grande porte. Minha visao sempre foi prática. Resolver dificuldades.
    Tua exposição está num nível superior que eu não alcanço. Está fora do meu campo de visão.
    Abraço

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