terça-feira, 24 de maio de 2022

Pensando & Conhecendo LXVII

 

O mito de Teseu marca a transição do grego arcaico para o clássico.  Historicamente, houve um deslocamento geográfico da hegemonia cultural: da ilha de Creta  para o Peloponeso.  Esta transição é singular, porque com ela houve um deslizamento da linguagem mítica para a filosófica.  A Europa acontece. 

No mito, Teseu se voluntaria para o tributo de terror pelo qual jovens gregos deveriam se perder no labirinto do Minotauro.  Ele se propõe a matar o Minotauro e com isso dar fim ao tributo, ainda que admitisse: missão suicida.  Teseu é um herói clássico.   Aconteceu que Ariadne se apaixonasse por Teseu. Para que ele não permanecesse no labirinto para sempre, entrega-lhe um novelo com o qual poderia entrar e sair do labirinto. Aí, o Minotauro.  O fio é caminho.  Em grego, odo.  Falar sobre esse fio? Método.  

 O labirinto é a existência em que ser brinca de esconde-esconde; em cada acontecimento que se mostra, algo aí já se esconde também: fenômeno e horizonte de indistinção.  Todo mito institui alguma dobra do labirinto.  Em cada dobra, a filosofia pode  encontrar o fio pelo qual se entra e se sai do labirinto: a filosofia não é saber, mas se interessa sobre saber.  A ciência segue o fio.  Mas, cuidado!  Um foco obsessivo no fio tira o olho do labirinto.  A ciência se degenera nalgum relativismo.  O fio só faz sentido nas dobras da existência, não as pode desdobrar; dobra com ela.  Este sentido é entregue pela filosofia, pois se ela encontra o fio no labirinto, é porque nela, acontece e se mostra a dobra. 






Nenhum comentário:

Postar um comentário