O mito de Teseu marca a transição do grego arcaico para o clássico. Historicamente, houve um deslocamento geográfico da hegemonia cultural: da ilha de Creta para o Peloponeso. Esta transição é singular, porque com ela houve um deslizamento da linguagem mítica para a filosófica. A Europa acontece.
No mito, Teseu se voluntaria para o tributo de terror pelo qual jovens gregos deveriam se perder no labirinto do Minotauro. Ele se propõe a matar o Minotauro e com isso dar fim ao tributo, ainda que admitisse: missão suicida. Teseu é um herói clássico. Aconteceu que Ariadne se apaixonasse por Teseu. Para que ele não permanecesse no labirinto para sempre, entrega-lhe um novelo com o qual poderia entrar e sair do labirinto. Aí, o Minotauro. O fio é caminho. Em grego, odo. Falar sobre esse fio? Método.
O labirinto é a existência em que ser brinca de esconde-esconde; em cada acontecimento que se mostra, algo aí já se esconde também: fenômeno e horizonte de indistinção. Todo mito institui alguma dobra do labirinto. Em cada dobra, a filosofia pode encontrar o fio pelo qual se entra e se sai do labirinto: a filosofia não é saber, mas se interessa sobre saber. A ciência segue o fio. Mas, cuidado! Um foco obsessivo no fio tira o olho do labirinto. A ciência se degenera nalgum relativismo. O fio só faz sentido nas dobras da existência, não as pode desdobrar; dobra com ela. Este sentido é entregue pela filosofia, pois se ela encontra o fio no labirinto, é porque nela, acontece e se mostra a dobra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário