Sabemos que a probabilística foi iniciada na troca de correspondências entre Blaise Pascal e Pierre de Fermat em meados do sec. XVII. Eles tentavam solucionar o desafio de Paccioli (professor de Leonardo da Vinci em matemática): “A e B jogam dados honestamente. Eles combinaram que quem vencesse 6 partidas primeiro levaria todo o dinheiro apostado. Mas, o jogo teve de terminar, quando A só havia vencido 5 rodadas e B, 3. Como o dinheiro deve ser dividido?”. Para Pascal e Fermat, não se tratava só de um enigma aritmético. Mas, também uma questão moral. Pascal foi teólogo e Fermat era advogado. Concordavam que a volta ao status quo ante (devolver as apostas) não era o mais correto, pois seria ignorar uma combinação proposta entre eles. Respeitar a combinação era a motivação moral e aí lançaram as bases da análise combinatória, com a qual estabeleceram uma regra racional para justa distribuição derivada entre o combinado e o atualizado. Demoraria ainda bem mais de um século para que essa noção tivesse aplicação pública na ordem econômica, mas Fermat e Pascal intuíram, juntos, algo essencial na gestão do risco: a sua ambiguidade entre cálculo e a motivação. O cálculo esclarece a regra, mas é motivação o que a justifica.
A gestão do risco nasceu de um problema hermenêutico. Sendo Direito e Teologia disciplinas essencialmente dogmáticas, é hermenêutica a base epistemológica para a abordagem de ambos. O diálogo entre ambas as disciplinas se mostrou fértil. Mas, as guerras religiosas e as revoluções sociais ensejaram o imaginário atual de que a Teologia e o Direito sejam campos totalmente separados pelo Estado laico. Em que pese a história do risco testemunhar a fertilidade intelectual do diálogo entre ambas.
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