Clint Eastwood é um cineasta e ator cuja maestria está em compor personagens em tensão entre a conformidade legal e a integridade moral. Sua dramaturgia indicia que um agente de compliance à altura de seu desafio não aplica de modo automático os protocolos, já que o prescrito para a prescruta de uma conduta moralmente íntegra pode deixar pistas de um vazio de normas a suscitar uma renormatização vislumbrada por força do vivido. Os corpos protocolares nunca totalizam a incessante invenção coletiva de dispositivos capazes de produzir sentido.
Uma técnica para distinguir esses dispositivos é
a instrução ao sósia pelo qual se exercita as injunções sobre como deveria o
sósia se portar para não reconhecido como um impostor. Esta técnica faz pensar o compliance como
espaço para uma clínica do trabalho; uma ampliação dos processos investigativos
entre gêneros e estilos. O gênero é um
corpo imaginário interposto entre corpos físicos como campos fenomênicos e
entre eles e o ambiente de trabalho. Um
gênero vincula os que participam de uma situação e avaliam essa situação de uma
mesma maneira. Toda atividade em gênero
terá algo subentendido além do explicitado.
O subentendido se conhece, se espera, se aprecia ou se teme. É o que se deve fazer graças a uma comunidade
de avaliações pressupostas, sem que se tenha que se especificar, é como uma
senha conhecida somente por aqueles que se integram ao gênero. O estilo, por sua vez é da ordem da
singularização na potência transversal do gênero. A flexibilidade do gênero depende do estilo,
uma cadência. O estilo não é contra o
gênero, mas não cessam de metamorfoseá-lo nos pontos de fadiga da prática no
campo de forças e de afetos de onde emergem as mudanças.
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