Qual o limite para uma gestão de riscos? Para os muito pragmáticos, é só uma equação de custos, o “apetite” por ganhos por variante. Mas, há uma questão ética subjacente que relaciona a materialidade do bem estar com a lógica de mercado. A gestão de riscos é um empoderamento sobre a produção empresarial e consumo customizado, ambos orientados para a sustentabilidade socioambiental: a satisfação responsável de todos os desejos como realização sistematizada de sonhos por metas definidas e métodos aplicados. Esse empoderamento para a sustentabilidade parece originário da mesma aspiração humana manifesta nas religiões de matriz abrâmica pela promessa de vida eterna. Uma subversão laica da presença de Deus.
Colocada a questão assim, aparece então o problema ético da transição do Homo Sapiens ao Homo Deus. Há algo de trágico nisso? Desde que os homens começaram a manejar sintaxe e a semântica, pode-se dizer que este seja o risco existencial mais recorrentemente apontado. Um desses apontamentos recorrentes aparece na alegoria romântica do vampiro gótico. No limite, a concretização sustentável do bem estar é um desejo insaciável de uma vida prolongadamente sem sofrimentos. Portanto, sem mortificação. Aí, já é morto-vivo, porque uma vida sem a mortificação se desconfigurou como vida.
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