sexta-feira, 28 de maio de 2021

Pensando & Conhecendo XXVIII

O início de pensamento é o espanto, o assombro, o abismo, mas não a crença.  Explicar já não é pensar.  É raciocinar, o que sempre é reflexivo; não é inflexivo como o pensamento de onde emerge uma crença já como linguagem.  Criar linguagem faz parte da atividade filosófica, um desdobrar em pensamento.  A estranheza não se confunde com invalidade veritística.  A lógica contemporãnea é capaz de lidar até mesmo com a esquizoanálise de Deleuze.  Bastante entender que se trata de proposições antifundacionistas, o que o coloca dentre pensadores coerentistas.  A discussão entre coerentistas e fundacionistas rebate até hoje na regressão ao inifinito exposta por Blaise Bascal ainda no XVII.

Se não acompanhamos um texto escrito por alguém não o faz necessariamente obscuro, é preciso primeiro distinguir se ele apresenta algum fundamento, ou se não, alguma coerência. Quando se está criando linguagem, isto leva tempo e requer paciência do leitor. Pois a medida do pensamento não é dada pela nossa capacidade de acompanhar a linguagem emergente por quem está pensando.



sexta-feira, 14 de maio de 2021

Pensando & Conhecendo XXVII

 Para a lógica, doxa é crença.  A crença é o  limiar entre a   lógica e o fenômeno, na qual uma estrutura inconsciente lhe dá forma inflexiva (dimensão ontológica). A crença se mostra em linguagem, ou seja, ela emerge do inconsciente para a consciência em flexão linguística, no mais das vezes, declarativa: algo é; algo vale (dimensão ôntica). A flexão é o que correlaciona crença e conhecimento, vez que a cogitação seja sempre reflexiva de si para si diante de algo que seja ou valha. Da reflexão, a representação do acontecimento originário da crença num fato: alguém crê de algum modo em algo.   Então, um terceiro caráter diferencial entre  a crença e o conhecimento: a faticidade. A crença é relacional; o conhecimento é factual. Em suma, diferentemente do agente doxástico, o agente epistêmico lida com a derivação, reflexividade e faticidade. O agente doxástico lida com o acontecimento, a inflexão e a relação. Esses agenciamentos não se manifestam um sem o outro; da interatividade deles, emerge as imbricadas correlações entre opinar e saber.



quinta-feira, 6 de maio de 2021

Tierischer als jeder TIer. Agora no país basco

 Vista de Tierischer als jeder Tier1: as assembleias gerais digitais ou semipresenciais em cooperativas como controladoras de dados dos seus cooperados (deusto.es)




Pensando & Conhecendo XXVI

Não são sempre os princípios orientados para os fins que governam o devir do Direito através da função, porque na escuta do sofrimento alheio, por uma frase que acontece, há uma eloquência dos silêncios ou esquecimentos que se manifestam numa diferença simultânea à articulação das frases.  Essa ocorrência, Lyotard chamou de diferendo. Esse silêncio é a negatividade de um argumento impossível de ser apresentado em confronto com outro argumento positivado por inexistir um juízo de isonomia aplicável aos dois argumentos.

Por isso, nenhum encadeamento de frases é sempre determinado.  Senão no horizonte de um gênero dado de discurso cuja ordem e possibilidade funcionam de acordo com o fim a atingir, eis que em cada discurso dado há uma valência comunicativa: referente e significado; destinatário e remetente. O que coloca em xeque a ideia como símbolo sintético do heterogêneo e reflexivo da correlação entre determinadas manifestações singulares.  O diferendo surge onde há falta de mediação entre gêneros discursivos por escapar-lhe as faculdades cognitivas.  O diferendo é uma ideia que não apresenta um objeto à qual se lhe atribua uma função a que se possa valer num esforço metódico de solução de conflitos.  Antes, ele é um prenúncio pela alteridade obliterada da sua realização. 

 

Em vez de um imperativo de universalização, um imperativo de alteridade.