sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Da anedota à crônica

Três lobas.  Uma pequena matilha do ginásio que a professora tinha de separar para acabar com o zunzunzum durante a aula.  Não se viam havia décadas, mas se reencontraram algum tempo atrás pelo Facebook.  Depois de alguns fracassos, na agenda e do cotidiano de ex-mulheres com filhos, segundo casamento e profissões, finalmente a curiosidade venceu e se viram frente a frente para refletirem as próprias trajetórias nas diferenças uma com as outras.  Num bar qualquer, se mediram e repararam até nos cotovelos entre sorrisos e beijos.  

Na medida das tulipas, foram se envolvendo nas amenidades do papo até que a mentira lhes pareceu verdadeira.  As marcas do tempo nos rostos que olhavam se desvaneciam e o que havia milênios tinha sido ontem.

Então, uma delas propôs um sinal de que uma amizade como aquela não acabava nunca: contariam cada uma às outras um segredo.  No indistinto brilho do olhar alcoólico ou aventureiro, atalhou: 

- Sou adúltera, tenho um amante.  

No que foi secundada em meio às gargalhadas com um disparo à altura: 

- Sou bissexual, tenho uma amante. 

Foi quando dois olhares então pousaram na que de olhos baixos nas suas próprias mãos pousadas sobre a mesa esboçava um sorriso de delícia antecipada:  

- Vocês sabem como é... continuo a mesma... sou fofoqueira. 

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