Eu reparara que a escola de minha filha não tinha programado um evento para o dia dos pais. Quando lhe perguntei sobre isso, veio esta resposta: "É que tem colegas sem pai na escola e eles vão ficar tristes, se tiver festa."
"Não é uma boa ideia que a escola deixe de celebrar a paternidade, porque alguma criança vai sofrer com isso. Não quero uma escola que não queira que você viva o sofrimento que você tiver para sofrer".
Não me esqueço o olhar que ela lacrimejou: "Pai, você é cruel!", foram exatamente essas as palavras que ela murmurou. Minha menina de 8 anos.
"Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!" Assim ensina a Igreja Católica aos fiéis dizerem em coro, alto e bom som numa oração eucarística.
O que há de especial
nisso? Num apertar de botão e o
Google lista uma série de deuses e homens que morreram e depois
reapareceram.
O que há de único na estória
de Jesus aparece numa carta escrita uns 30 anos depois de sua crucificação:
Também vos notifico,
irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no
qual também permaneceis.
Pelo qual também sois
salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em
vão.
Porque primeiramente
vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados,
segundo as Escrituras,
E que foi sepultado, e
que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que
foi visto por Cefas, e depois pelos doze.
Depois foi visto, uma
vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas
alguns já dormem também.
Depois foi visto por
Tiago, depois por todos os apóstolos.
E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.
E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.
Porque eu sou o menor
dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a
igreja de Deus.
Então, não
é uma narrativa mítica ou lendária. Há
algo a mais nessa carta: um testemunho por muitos de acontecimentos
extraordinários. Que, em 30 anos, já encontravam uma expressão coletiva de fé. A glorificação penetrou rápida e profundamente
na história. De modo a ser impossível distinguir o personagem histórico do
mistério glorioso de seu reaparecimento.
Mas, você pode sorrir e contar tantas outras estórias sobre pessoas que juram ter visto ETs em
Varginha e do Elvis, que ainda se hospeda nos hotéis de Las Vegas... Outrossim, retocar biografias é ganha-pão para profissionais.
Então, por que se render sem
reservas a essa em especial? Por que
anunciar, proclamar e esperar aberta e publicamente por alguém que, mortinho da silva,
ressuscitou, ascendeu ao céu de onde voltará um dia que ninguém sabe quando
será? Isso soa tão incrível que parece melhor
mesmo ser professada essa fé mais subjetiva possível.
Então, para que a fé comunitária no querigma1?
Isso é assunto para quem gosta de teologia. Mas, voltando ao dia daquele diálogo com minha filha, os olhos da minha
menina se secaram. Disseram o que ela ainda tinha para me dizer. Eu soube que, naquele dia, o anúncio, a proclamação
e a espera fizeram sentido para ela.
1 kerissein é o verbo grego utilizado pelos primeiros cristãos para se referirem à ação apostólica de primeiro anúncio, que não era somente aquele para a abordagem dos pagãos e judeus, mas também do essencial em ser cristão: crer verdadeiras a morte, ressurreição, ascensão e volta (prometida) do Verbo encarnado.
1 kerissein é o verbo grego utilizado pelos primeiros cristãos para se referirem à ação apostólica de primeiro anúncio, que não era somente aquele para a abordagem dos pagãos e judeus, mas também do essencial em ser cristão: crer verdadeiras a morte, ressurreição, ascensão e volta (prometida) do Verbo encarnado.
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