quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Pensando & Conhecendo XXXVIII

 

A inteligência artificial - a racionalidade não-substancial  não pode substituir a atividade humana em sua dinâmica estímulo-resposta. Por que? A IA não vivencia a visceralidade das práticas.  Só pode simular uma pelos testemunhos registrados que processa por algoritmos.  É a velocidade do processamento sequencial dos registros que simula uma vivência.  Então, a IA não lida para-si com a angústia, a contrição, o medo de errar e da traição, a expectativa de fracassos: tudo isso é a descoberta de si-mesmo como outro.  E sem essa formação, a ética é só um verniz- esconde mais do que mostra.   A ética se desprende da moral, quando se passa e não se encontra o que se espera.  Quando o conhecer não é representar objetos, pois o concreto se atualiza em ruptura emocional.  Identidades situacionais são modos de agir e perceber em correspondência às situações. . 

É verdade que processos organizacionais demandam o reconhecimento de características fixas atreladas a condutas – positivações para uma conformidade homogênea.  Mas, quando há essa totalização, o viver deixa de ser neguentrópico.  Porque a integridade do agir e do perceber não é dada entre aquilo que seja dado numa situação. Se a conformidade pressupõe antecipação – eis aí um paradoxo: a integridade não pode ser antecipada.  Por isso, somente de um modo incompleto alcançado pelas regras preestabelecidas. 

Formação é conhecer, agir e criar. 





Pensando & Conhecendo XXXVII

 

A crença recorrente de quem lida profissionalmente com o compliance é a de poder não se identificar com hábitos indesejáveis (vícios) que são cultivados sem uma atenção cuidadosa de seus riscos.  Isso o lança no desafio de estabelecer uma rotina que não separa teoria e prática.  Mas, isso não é redutível a uma questão de técnica e metodologia. É aí que começa o desafio.

Se a formação de um profissional de compliance nunca acaba é porque implica em acompanhar constantemente os efeitos das práticas.  Não somente nos outros, na organização para a qual trabalha.  Mas, em si mesmo.  Pois, o self é corpo como campo fenomênico – o aparecimento (de efeitos) para-si.