Oliver Sacks, falecido em
2015, foi um neurologista notável desde os anos 70 por suas explorações das
interfaces neurais com a psiquiatria.
Ele distinguia o discurso físico (consistente por métodos sequenciais e
quantitativos) do discurso fenomênico, constitutivo do mundo. Afirmou que mundo prescindia de “correlatos”
neurológicos. Aliás, as considerações
neurológicas ao contar a história de um ser humano, sua narrativa, passagens e
cenas de sua vida, poderiam ser absurdas e mesmo insultantes. Nem sempre, ressalva sua, porque a vida de
alguém pode ser transformada por distúrbio orgânico, situação em que a
correlação fisiológica se mostra necessária à narrativa. Em jogo estão as relações éticas entre as
funcionalidades neurais e a liberdade humana sobre as quais produziu extensa
literatura ensaística baseada nas suas experiências na clínica médica: “É esse poder narrativo ou simbólico que
proporciona um senso do mundo – uma realidade concreta na forma imaginativa de
símbolos e histórias – quando o pensamento abstrato [atitude
abstrato-categórica ou pensamento proposicional] nada pode fornecer”.
O que Sacks percebeu pela
medicina exercida foi uma questão epistemológica fundamental no limiar entre a
empiria e a hermenêutica. Está próxima
daquela que desafia o Direito Penal Econômico, conquanto a ciência econômica
seja eminentemente empírica e a ciência jurídica, dogmática.
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