Não diz tudo. Mas diz sim alguma coisa. Até hoje, o sino "Aragão" repousa no alto da velha Igreja de São Francisco de Paula. Ele é o terceiro duma trinca que forma com o "Grande" e o "Vitória".
Hoje esquecidos dos cariocas, esses sinos já fizeram parte da crônica desta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Quando o Vitória troava, um incêndio se sabia por todos. E, contando suas badaladas, os moradores se inteiravam aonde a cidade ardia.
Mas, no dia-a-dia, era o som do Aragão que ditava. Ideia do Desembargador Teixeira de Aragão, que impôs um toque de recolher na capital do Império e o maior porto negreiro das Americas. Literalmente. Depois que o Aragão badalava à noite, qualquer um na rua podia ser abordado pelos milicianos. Mas, aos negros, o Aragão presumia vadiagem: uma noite no calabouço, quase na certa. E quiçá porrada, na entrada. Chibatada, na saída.
Ao saberem o que acontecia a escravos, quando começaram a ouvir o Aragão toda noite, as reclusas no convento das Carmelitas tomaram uma liberdade. Um dos sinos da Igreja de Santa Teresa passou a repicar uns 20 minutos antes do Aragão. Era para que ninguém fosse pego desprevenido, quando a milícia recebia licença para catar pretos pelas ruas da cidade.
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