Bê, meu filho:
Lembra da estória de Pí? Sim, daquele filme em que o garoto indiano
perdeu os pais no navio que afundou. Aí,
ele dividiu um barco com um tigre... lembra?
É assim. Às vezes, isso acontece. A gente perde muito na vida e nem é porque
fizemos alguma coisa errada. Nem precisa
acontecer um acidente. Ou uma
guerra. Ou um apocalipse zumbi. Pode ser uma grande injustiça. E a gente se sente esmagado, triste,
abandonado, revoltado. E se pergunta “por
que?”.
De tudo que te dei até hoje, as
pizzas e os sushis, escola, meu carinho e meus beijos... de tudo mesmo, o que é
mais importante?
O mais importante é uma estória
que eu faço questão que te contem. A mesma
estória que ouvi de quem viveu antes de mim e sua mãe. E que agora é você quem
a escuta. A estória de Deus, que morreu
por amor a todos nós. E que esse amor é
bom, belo e verdadeiro, porque só o amor tudo vence. Vence a própria morte e a injustiça. Esta é a
graça da estória: só quando tudo se perde, descobrimos que nem tudo se
perdeu. O mais bonito, o melhor e o mais
verdadeiro de tudo, ficou. Ficou bem
juntinho de você.
Pois é, garoto. Tudo isso num pedacinho de pão molhado no
vinho. Parece até mentira. Deus tem
algum senso de humor, pelo visto.
Agora, é sério. Eu posso morrer. Todo mundo morre um dia. E mesmo antes de morrer, posso perder minha
saúde, meu juízo, meu dinheiro... Isso
pode acontecer com qualquer um. Mas,
essa estória, que agora também será sua, ninguém pode mais tirar de você.
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