terça-feira, 24 de agosto de 2021

Pensando & Conhecendo XXXIII


Qual o limite para uma gestão de riscos?  Para os muito pragmáticos, é só uma equação de custos, o “apetite” por ganhos por variante.  Mas, há uma questão ética subjacente que  relaciona  a materialidade do bem estar com a lógica de mercado.  A gestão de riscos é um empoderamento sobre a produção empresarial e consumo customizado, ambos orientados para a sustentabilidade socioambiental: a satisfação responsável de todos os desejos como realização sistematizada de sonhos por metas definidas e métodos aplicados.  Esse empoderamento para a sustentabilidade parece originário da mesma aspiração humana manifesta nas religiões de matriz abrâmica pela promessa de vida eterna.  Uma subversão laica da presença de Deus. 

Colocada a questão assim, aparece então o problema ético da transição do Homo Sapiens ao Homo Deus.  Há algo de trágico nisso?   Desde que os homens começaram a manejar sintaxe e a semântica, pode-se dizer que este seja o risco existencial mais recorrentemente apontado.  Um desses apontamentos recorrentes aparece na alegoria romântica do vampiro gótico.  No limite, a concretização sustentável do bem estar é um desejo insaciável de uma vida prolongadamente sem sofrimentos.  Portanto, sem mortificação.  Aí, já é morto-vivo, porque uma vida sem a mortificação se desconfigurou como vida.