sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Mártir Sebastião, roga por nós


Que o próximo carnaval seja tão memorável quanto o de 1976.  Lembra?  Nunca mais o carioca deixou de cantar que o sertanejo é forte e supera a miséria sem fim.  Pois foi, Em Cima da Hora!  E aprendeu com o Império Serrano todos os nomes das rainhas do mar:  Oguntê, Marabô, Caiala e Sobá.  Oloxum, Ynaê, Janaina e Iemanjá.  Também você assistiu da Mãe Menininha do Gantois, toda cidade cantando em louvor com a Mocidade.  Mas, quem ganhou foi a Beija Flor.  Pela primeira vez. Está recordado? Com um samba meio chinfrim, é verdade.  Mas, ah, foi o campeonato de Joãozinho Trinta.  Além de alegre e criativo, o carioca descobriu então que, diante do mundo inteiro, consegue resplandecer mesmo sendo pobre. 

Por que lhe peço isso?  Você sabe.  Nenhum projeto de poder justifica um prefeito que procede como se não gostasse da cidade que governa.  Não me parece ser isso inspiração do Divino Espírito Santo.  Eu sei que qualquer alcaide pode dar com os burros n’água.  As dificuldades podem ser muitas e inesperadas.  Mas, o burgomestre que guarde as chaves de uma cidade pelo menos precisa amá-la como se fosse sagrada.  Devo estar enganado; não sei ao certo o que arde no coração dos mortais.  Mas, pelo visto, temos um que despreza a alma encantadora de nossas ruas.  Sempre que pode, se afasta das ondas de nossas praias como um pobre diabo fugindo da cruz.  Ave, Maria! Padroeiro, perdoe-me este voto.  Mesmo sangrando, interceda junto ao Pai para que nos seja afastado esse cálice de fel.  Muda ele, ou muda o prefeito!

Que os foliões da minha querida Portela entrem na avenida com se fosse o desfile último.  Incorporem as pastoras e os pastores que vão chegando da cidade e da favela para defenderem as suas cores como fiéis na santa missa da capela.  Que este carnaval seja alegre, amável, solar e pacífico como nenhum outro.  Inspiração para o exercício de nossa cidadania em 2020.



Amém.

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