quinta-feira, 15 de setembro de 2016

I Seminário Estado Laico e Liberdade Religiosa


(Fala de abertura do painel que mediei.)

Boa tarde!  Chamo-me Guilherme Krueger e sou um antigo aluno desta Faculdade.  Em nome do Presidente de nossa associação, meu querido amigo Paulo Horn, contemporâneo de movimento estudantil, com quem tive a honra de ser diretor no CACO, saúdo a todos os presentes.  E porque o CACO integra a minha biografia, eu peço licença para cumprimentar os alunos desta Casa nas pessoas do atuais diretores do Centro Acadêmica.  Saúdo o Diretor Flavio e dirijo essa saudação também aos professores e funcionários da Faculdade.  Por fim, cumprimento meus amigos desta mesa, Renato, Jorge e Abraham, agradecendo-lhes sinceramente a resposta presente ao chamado para esta nossa conversa aqui.

Peço que atentem que a termo chave para esta mesa é “em face de”, se considerarmos em cotejo o termo chave da mesa seguinte: “mecanismos”.  A mesa que nos seguirá tem um objeto claro:  a faticidade das políticas públicas de contenção e repressão à intolerância religiosa.  Mas, esta mesa aqui tem clara uma relação pessoal, um face-a-face: a possibilidade de coexistência dos símbolos, das narrativas, das linguagens e dos fundamentos religiosos no espaço público.  Será que a afirmação do Estado Democrático de Direito passará sempre pela  retração da vivência religiosa à vida privada?  O espaço democrático exclui o espaço teocrático?  Essas perguntas remetem ao imaginário de terror evocado em Paris pelo Estado Islâmico.  Evidência de uma obviedade que pode ser posta em perspectiva se eu convidar a todos para pensarem um pouco na experiência contemporânea da cidade de Roma.  Roma não é somente a capital do Estado italiano, mas, em seu seio acolhe, nada menos do que um outro Estado - o Estado do Vaticano.  E não é outro Estado democrático.  Sim, um Estado teocrático.  E  Roma, tal como ela é, contradiz a evidência de necessidade potente de conflagração e opressão na inarredável presença não só ostensiva, mas institucional da religião no espaço da cidadania por excelência: a cidade.  A cidade de Roma hoje retoma uma antiga expressão e o relança com um novo significado: a pax romana.  

Eu já me alonguei bastante nessa introdução e deixo a palavra ao meu amigo Renato, porque sei que ele acabou de voltar de lá.  Renato...