Se hoje me perguntarem por onde andei, direi: "vendo meus filhos crescerem." Já quis ser muita coisa. Mas, só hoje sei quem sou. Sou pai. E isso basta. Mas, o que é ser pai? É ser para a morte. Trocando em miúdo, ser pai é pensar, apesar de toda angústia de nada mais ser, que vive e morre por, com e para seus filhos. Se eu morrer antes de meus filhos, serei pai em assim ter pensado viver. E minha vida e morte terão sido criadoras da memória em meus filhos de assim bem querer viver e morrer. Mas, se algum de meus filhos morrer antes de mim, fechar-me-ei em luto e a angústia me tomará. Mas, não serei infeliz na confortante lembrança de que ele pôde contar com o pai por todos os dias de sua vida.
Ser pai é assim: inicia-se com vida nova, mas só se consuma na morte. Só que a morte não é o fim de ser pai.
Meus filhos, eis-me aqui! Ouvem a voz e fazem a vontade de seu pai! Tomem-me por inteiro de mim mesmo! Pois, sou quem sou, sendo, ao mesmo tempo, pai e filho de meu pai.
Sicut erat in principio et nunc et semper et in saecula saeculorum.
Esse foi de salgar a face sob meus olhos... Parabéns! Lindo mesmo.
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