quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ser Pai no Intransitivo

Se hoje me perguntarem por onde andei, direi:  "vendo meus filhos crescerem."  Já quis ser muita coisa.  Mas, só hoje sei quem sou.  Sou pai.  E isso basta.  Mas, o que é ser pai?  É ser para a morte.  Trocando em miúdo,  ser pai é pensar, apesar de toda angústia de nada mais ser, que vive e morre por, com e para seus filhos.  Se eu morrer antes de meus filhos, serei pai em assim ter pensado viver.  E minha vida e morte terão sido criadoras da memória em meus filhos de assim bem querer viver e morrer.  Mas, se algum de meus filhos morrer antes de mim, fechar-me-ei em luto e a angústia me tomará.  Mas, não serei infeliz na confortante lembrança de que ele pôde contar com o pai por todos os dias de sua vida.

Ser pai é assim:  inicia-se com vida nova, mas só se consuma na morte.  Só que a morte não é o fim de ser pai.

Meus filhos, eis-me aqui!  Ouvem a voz e fazem a vontade de seu pai!  Tomem-me por inteiro de mim mesmo!  Pois, sou quem sou, sendo, ao mesmo tempo, pai e filho de meu pai.  

Sicut erat in principio et nunc et semper et in saecula saeculorum. 


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