segunda-feira, 29 de maio de 2017

VI Caminhada com Maria rumo ao Redentor


O centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima nos convida a pensarmos no perigo com que homens, mulheres (e transgêneros) com ou sem religião alguma conduzem a si mesmos, quando suspensos segurando-se pelos cabelos sobre um abismo.  

Por que, naquele contexto, justo a três crianças pequeninas que brincavam esquecidas de si mesmas num canto sem qualquer importância estratégica da Europa, Nossa Senhora irá inspirar tanta comoção, sacrifícios e penitência?

No impasse corrosivo e inteligente da morte industrial na guerra de trincheiras; das engrenagens e maquinação de ressentimentos que já moem e moeriam muito mais a Europa logo adiante  numa guerra mais impiedosa e das quais ainda não conseguimos evitar de todo, quiçá foi para nos lembrar mesmo hoje que, na posse de certezas a que atribuímos razões políticas de justiça e ajuste de contas, não se trata  tanto de nos acusarmos mutuamente de responsabilidades num impasse sem fim, mas que a condição humana é simplesmente trágica e, por si mesma, absurda.  

Sim, talvez tenha sido para nos lembrar que a tragédia é nosso destino absurdo do qual corações compassivos, e não os orgulhosos, podem gratuitamente nos livrar.